27 de abril de 2011
25 de abril de 2011
Poema de Abril
De Coração e Raça
"Sou português de coração e raça
Não há talvez maior fortuna e graça"
Sou português de coração e raça
meio século comido pela traça
fechados numa caixa
e agora ou vai ou racha
e agora ou vai ou racha
Agora vamos é ser
donos do nosso trabalhar
em vez de andar para alugar
com escritos na camisa
e o dinheiro que desliza
do salário para a despesa
compro cama vendo mesa
deito contas à pobreza
Sou português de coração e raça
meio século comido pela traça
fechados numa caixa
e agora ou vai ou racha
e agora ou vai ou racha
Agora vamos é ser
donos do nosso produzir
em vez de ter que partir
com escritos numa mala
e a idade que resvala
do nascimento para a morte
vou para o leste perco o norte
e o meu corpo é passaporte
Sou português de coração e raça
meio século comido pela traça
fechados numa caixa
e agora ou vai ou racha
e agora ou vai ou racha
"Sou português de coração e raça
Não há talvez maior fortuna e graça"
Sou português de coração e raça
meio século comido pela traça
fechados numa caixa
e agora ou vai ou racha
e agora ou vai ou racha
Agora vamos é ser
donos do nosso trabalhar
em vez de andar para alugar
com escritos na camisa
e o dinheiro que desliza
do salário para a despesa
compro cama vendo mesa
deito contas à pobreza
Sou português de coração e raça
meio século comido pela traça
fechados numa caixa
e agora ou vai ou racha
e agora ou vai ou racha
Agora vamos é ser
donos do nosso produzir
em vez de ter que partir
com escritos numa mala
e a idade que resvala
do nascimento para a morte
vou para o leste perco o norte
e o meu corpo é passaporte
Sou português de coração e raça
meio século comido pela traça
fechados numa caixa
e agora ou vai ou racha
e agora ou vai ou racha
Sérgio Godinho, in Canções de Sérgio Godinho, Assírio e Alvim
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23 de abril de 2011
Mensagem da BAD alusiva ao “Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor”
Leitores
O que hoje comemoramos é muito mais do que o Dia do Livro, a sua euforia, a sua utilidade, o seu dia. Hoje, a propósito do Livro – e dos autores – assinalamos o modo como a humanidade resistiu à barbárie, como ela descobriu e fixou a poesia, o tempo, as epopeias, as paisagens, as aldeias recolhidas nas planícies, os pinhais abrigados num declive, a voz humana, o empréstimo do horror e da crueldade, a hora de dizer ‘não’ e a hora de dizer ‘sim’, as portas abertas numa casa vazia.
Assinalamos também, neste dia, o facto de as palavras terem um destino que se prolonga até onde formos capazes de levar algumas ideias tão simples, como a ideia de livro, a ideia de leitura, a de biblioteca, de partilha, de invenção, de página em branco, a de perdição por um romance ou por uma história repetida, repetida, repetida ao longo dos tempos.
Comemoramos este dia – de entre todos os outros – porque sabemos que a vida pode ser mudada por um livro, por um autor; que a nossa vida está perdida e, ao mesmo tempo, reunida nessas páginas de livros que passaram pelas nossas mãos ou aguardam o encontro entre a curiosidade e a pacificação, entre o gosto pela leitura e o gosto pela vida, entre as coisas que fomos e o que ainda havemos de ler.
Que existam, pois, bibliotecas, livros, autores, capítulos e fragmentos, sonetos, odes, histórias, episódios, esquecimentos, caminhos perdidos no meio das florestas ou desfeitos pela luz do mar, contos, novelas e números, fórmulas, apêndices e rostos amados. Que tudo exista. Porque todos nós somos leitores.
Este é o nosso dia, o princípio de todos os dias.
Francisco José Viegas
Esta Mensagem aos Leitores, da autoria do escritor Francisco José Viegas, foi divulgada pela BAD – Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalista para comemorar o “Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor”.
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Assuntos:
Divulgação,
Efemérides,
Livro
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Dia Mundial do Livro
Todos os anos, a Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas assinala este dia com a publicação de um cartaz que distribui por bibliotecas, livrarias e outros espaços culturais. Com este cartaz, pretende-se chamar a atenção para a importância do livro e da leitura como forma de melhorar os índices de literacia das diferentes camadas da população.
O cartaz deste ano é da autoria do artista plástico e ilustrador João Vaz de Carvalho. Premiado nacional e internacionalmente, editado em vários países, é hoje reconhecido como um dos mais prestigiados artistas do sector.
[Via DGLB]
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22 de abril de 2011
Dia da Terra
De manhã, apanho as ervas do quintal. A terra,
ainda fresca, sai com as raízes; e mistura-se com
a névoa da madrugada. O mundo, então,
fica ao contrário: o céu, que não vejo, está
por baixo da terra; e as raízes sobem
numa direcção invisível. De dentro
de casa, porém, um cheiro a café chama
por mim: como se alguém me dissesse
que é preciso acordar, uma segunda vez,
para que as raízes cresçam por dentro da
terra e a névoa, dissipando-se, deixe ver o azul.
ainda fresca, sai com as raízes; e mistura-se com
a névoa da madrugada. O mundo, então,
fica ao contrário: o céu, que não vejo, está
por baixo da terra; e as raízes sobem
numa direcção invisível. De dentro
de casa, porém, um cheiro a café chama
por mim: como se alguém me dissesse
que é preciso acordar, uma segunda vez,
para que as raízes cresçam por dentro da
terra e a névoa, dissipando-se, deixe ver o azul.
Nuno Júdice, A Origem do Mundo, in Meditação sobre Ruínas,
Livros Quetzal, 1995
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Assuntos:
Autores de língua portuguesa,
Efemérides,
Nuno Júdice,
Poesia
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9 de abril de 2011
Cata Livros
A equipa Gulbenkian/Casa da Leitura apresentou, no dia 5 de Abril, um novo projecto, denominado Cata Livros, que tem por objectivo "utilizar a internet para aproximar os jovens leitores de um conjunto de títulos essenciais da literatura para infância e juventude, com destaque para a produção nacional, assentando no carácter lúdico e interactivo das narrativas e desafios propostos. O site está dirigido, grosso modo, aos leitores iniciais e medianos, ou seja, àqueles que estarão na faixa dos 8 aos 15 anos (…) e está construído a partir da metáfora de uma casa com as suas salas e saletas, cantos e recantos, caves e sótãos. Pode parecer um labirinto, mas a ilusão não dura muito, pois há atalhos e muitas ajudas."
[Via Gulbenkian]
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7 de abril de 2011
Olimpíadas da Leitura 2011
As Olimpíadas da Leitura estão de volta e nos mesmos moldes da edição anterior.
Esta iniciativa, organizada pela Biblioteca da ESL, em parceria com a Escola Secundária de Felgueiras e Escola E.B. 2/3 de Airães, pretende fomentar hábitos de leitura e promover a escrita e as artes visuais. Nela poderão participar os alunos do 3.º ciclo do ensino básico das escolas envolvidas, devendo, para o efeito, apresentar um trabalho individual e inédito, nas modalidades de crítica, de prolongamento da história ou de desenho, a partir de livros ou contos seleccionados para o concurso e que foram objecto de estudo nas aulas de Português. Os trabalhos devem ser entregues na biblioteca ou através de e-mail (olimpiadasdaleitura@gmail.com) até dia 13 de Maio de 2011 .
Para mais informações, consulta o regulamento ou pede ajuda ao teu professor de Português, à equipa da biblioteca ou colocando a tua dúvida por e-mail.
Contamos com a tua participação.
Consultar Cartaz/Regulamento >>
Ver os trabalhos vencedores da edição de 2010 >>
2 de abril de 2011
"It's a Book"
Uma história de Lane Smith para pequenos e crescidos que realça a magia de um livro: prende a atenção, os sentidos e até o tempo. Porque um livro é um livro e isso basta.
Cartazes do Dia Internacional do Livro Infantil
![]() |
Cartaz da DGLB da autoria de Bernardo Carvalho |
![]() |
Cartaz do IBBY da autoria da ilustradora Jüri Mildeberg |
1 de abril de 2011
Mensagem do 2 de Abril/2011, Dia Internacional do Livro Infantil
O IBBY (International Board on Books for Young People) divulga anualmente uma mensagem de incentivo à leitura dirigida às crianças de todo o mundo. A mensagem deste ano pertence a Aino Pervik* e chama-se The Book Remembers. A versão traduzida para português chama-se O livro recorda (tradução de José António Gomes) e é a seguinte:
O LIVRO RECORDA
Aino Pervik
“Quando Arno e o seu pai chegaram à escola, as aulas já tinham começado.”
No meu país, a Estónia, quase toda a gente conhece esta frase de cor. É a primeira linha de um livro intitulado Primavera. Publicado em 1912, é da autoria do escritor estónio Oskar Luts (1887-1953).
Primavera narra a vida de crianças que frequentavam uma escola rural na Estónia, em finais do século XIX. O Autor escrevia sobre a sua própria infância e Arno, na verdade, era o próprio Oskar Luts na sua meninice.
Os investigadores estudam documentos antigos e, com base neles, escrevem livros de História. Os livros de História relatam eventos que aconteceram, mas é claro que esses livros nunca contam como eram de facto as vidas das pessoas comuns em certa época.
Os livros de histórias, por seu lado, recordam coisas que não é possível encontrar nos velhos documentos. Podem contar-nos, por exemplo, o que é que um rapaz como Arno pensava quando foi para a escola há cem anos, ou quais os sonhos das crianças dessa época, que medos tinham e o que as fazia felizes. O livro também recorda os pais dessas crianças, como queriam ser e que futuro desejavam para os seus filhos.
Claro que hoje podemos escrever livros sobre os velhos tempos, e esses livros são, muitas vezes, apaixonantes. Mas um escritor actual não pode realmente conhecer os sabores e os cheiros, os medos e as alegrias de um passado distante. O escritor de hoje já sabe o que aconteceu depois e o que o futuro reservava à gente de então.
O livro recorda o tempo em que foi escrito.
A partir dos livros de Charles Dickens, ficamos a saber como era realmente a vida de um rapazinho nas ruas de Londres, em meados do século XIX, no tempo de Oliver Twist. Através dos olhos de David Copperfield (coincidentes com o olhar de Dickens nessa época), vemos todo o tipo de personagens que ao tempo viviam na Inglaterra — que relações tinham, e como os seus pensamentos e sentimentos influenciaram tais relações. Porque David Copperfield era de facto, em muitos aspectos, o próprio Charles Dickens; Dickens não precisava de inventar nada, ele pura e simplesmente conhecia aquilo que contava.
São os livros que nos permitem saber o que realmente sentiam Tom Sawyer, Huckleberry Finn e o seu amigo Jim nas viagens pelo Mississippi em finais do século XIX, quando Mark Twain escreveu as suas aventuras. Ele conhecia profundamente o que as pessoas do seu tempo pensavam sobre as demais, porque ele próprio vivia entre elas. Era uma delas.
Nas obras literárias, os relatos mais verosímeis sobre gente do passado são os que foram escritos à época em que essa mesma gente vivia.
O livro recorda.
Tradução: José António Gomes
* Nascida em 1932, na Estónia, Aino Pervik publicou cerca de meia centena de livros para crianças, a par de poesia e narrativas para adultos. Distinguida com vários e prestigiosos prémios e traduzida em diversas línguas, obras suas têm sido adaptadas ao teatro e ao cinema. A velha mãe Kunks, Arabella, a filha do pirata, Paula aprende a sua língua (integrado numa série protagonizada pela mesma personagem), são apenas três dos seus títulos mais conhecidos.
[Via DGLB]
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